A internet trouxe uma profunda mudança de comportamento na nossa sociedade.
Como ferramenta de trabalho, trouxe agilidade, facilidade e rapidez. Algumas pessoas não mais precisam se deslocar para trabalhar, o fazem desde seu local de residência. Seja no escritório ou em casa, consultam sites de jornais e outros que lhes aportam informações valiosas.
Na aprendizagem, influiu de maneira muito positiva, trazendo conhecimento de forma prática e global. O tempo que era usado para deslocar-se até bibliotecas ou mesmo buscar em livros, agora é bem aproveitado obtendo maior número de informações em menor tempo. A variedade e qualidade dos textos e fotos enriquecem a pesquisa.
A internet é ótima para reencontrar a família, os amigos; manter o contato e marcar encontros.
As relações pessoais, porém, tornaram-se mais distantes e frias. São intermediadas à distância. O homem torna-se mais egoísta e individualista. Perde o contato direto e deixa de interagir de forma a compreender e respeitar as outras pessoas. Predomina a sua verdade, a sua forma de pensar e não há ninguém para contestá-la.
Muitas vezes, a pessoa só consegue se relacionar através da internet, porque tem tempo de pensar o que responder, e se a conversa não estiver interessando, pode dar uma desculpa e “sair” sem problemas.
Outras vezes, a pessoa cria uma imagem de si e começa a acreditar que é daquele jeito. Apresenta-se daquela maneira através da internet, mas quando se encontra face a face com o outro, a máscara cai e a relação não vai adiante.
O problema maior surge quando a pessoa se torna tão dependente da internet, que passa a ser como um vicio da qual não tem consciência, e não consegue nem quer se libertar.
Para Griffiths (1998), qualquer comportamento que cumpra os seis critérios a seguir, será definido operacionalmente como “viciado” em internet:
1- Não há para o individuo atividade mais importante que estar conectado, e isso domina seus pensamentos, sentimentos e conduta.
2- Modificação do humor.
3- Tolerância: aumenta cada vez mais o tempo que fica conectado.
4- Síndrome de abstinência: efeitos negativos quando se diminui ou interrompe o tempo que fica conectado.
5- Conflito: a- entre o individuo e o que o rodeia; b- com outras atividades como trabalho ou estudo; c- intrapsíquico – dentro do próprio individuo.
6- Recaída: tendência a voltar aos padrões anteriores, após algum tempo de abstinência.
Young (1996) elaborou um questionário que nos ajuda a detectar essa dependência à internet:
1- Você fica preocupado com a internet, pensando na última conexão ou com vontade de conectar-se a cada momento?
2- Sente necessidade de aumentar a quantidade de tempo de uso da internet para sentir-se mais satisfeito?
3- Esforçou-se no sentido de tentar controlar, reduzir ou parar de usar?
4- Sentiu-se inquieto, de mau humor, deprimido ou irritado?
5- Perdeu tempo que teria que usar para outra atividade, ficando conectado sem objetivo?
6- Fica conectado mais tempo a cada dia?
7- Mente para a família sobre o tempo de uso da internet?
8- Usa a internet para esquecer dos problemas?
Se identificou em si ou em algum membro de sua família essas características, procure ajuda profissional.
Os problemas e inseguranças ocultos devem ser solucionados, para que as atividades na internet voltem a ser momentos de trabalho, pesquisa ou lazer.
A internet é uma ferramenta que bem utilizada traz alegria e complementa as relações pessoais.
Inês Hurtado de Oliveira Niero
CRP: 06/19.519